ATA DA QUARTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUINTA LEGISLATURA, EM 09-02-2012.
Aos nove dias do mês de fevereiro do ano
de dois mil e doze, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos,
foi realizada a segunda chamada, respondida pelos vereadores Bernardino Vendruscolo, DJ Cassiá, Dr. Raul Torelly, Dr. Thiago
Duarte, Elias Vidal, Haroldo de Souza, Idenir Cecchim, João Carlos Nedel, Mario
Fraga, Nelcir Tessaro, Paulinho Rubem Berta, Tarciso Flecha Negra e Toni
Proença. Constatada a
existência de quórum, o senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda,
durante a Sessão, compareceram os vereadores Adeli
Sell, Airto Ferronato, Alceu Brasinha, Aldacir José Oliboni, Beto Moesch,
Carlos Todeschini, Elói Guimarães, Engenheiro Comassetto, Fernanda Melchionna,
João Antonio Dib, Luciano Marcantônio, Luiz Braz, Maria Celeste, Mario Manfro,
Mauro Pinheiro, Nilo Santos, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Sofia
Cavedon e Waldir Canal. À MESA, foi encaminhado o Projeto de Resolução nº
001/12 (Processo nº 0250/12), de autoria do vereador João Antonio Dib. A seguir, o
senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao senhor Cláudio
Janta, Presidente da Força Sindical no Rio Grande do Sul, que discorreu sobre
emprego e condições de trabalho em Porto Alegre, divulgando a Conferência
Nacional do Trabalho Decente, a ocorrer no mês de maio do corrente, em Brasília
– DF.
Em continuidade, nos termos
do artigo 206 do Regimento, os vereadores Tarciso Flecha Negra, Paulinho Rubem
Berta, Sebastião Melo, Toni Proença, Mauro Pinheiro, João Antonio Dib, Sofia
Cavedon, esta pela oposição, Luiz Braz, João Antonio Dib, este pelo Governo, e
Luciano Marcantônio manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna
Popular. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pronunciou-se o vereador Elias Vidal. Às quatorze
horas e cinquenta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente
suspensos, sendo retomados às quatorze horas e cinquenta e seis minutos. Em COMUNICAÇÕES, pronunciaram-se a
vereadora Sofia Cavedon, em tempo cedido pelo vereador Adeli Sell, e os
vereadores Mauro Pinheiro, em tempo cedido pelo vereador Airto Ferronato, Alceu
Brasinha, Aldacir José Oliboni, Bernardino Vendruscolo e Beto Moesch. Após, a
vereadora Fernanda Melchionna formulou Requerimento verbal, solicitando
alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, tendo-se manifestado a
respeito os vereadores Nilo Santos, Adeli Sell, Sofia Cavedon, Bernardino
Vendruscolo, Aldacir José Oliboni e Reginaldo Pujol. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
pronunciaram-se os vereadores Mario Fraga, Engenheiro Comassetto, este pela
oposição, Reginaldo Pujol, Adeli Sell, Nelcir Tessaro, Toni Proença e João Antonio
Dib. Às dezesseis horas e dezesseis minutos, constatada a inexistência de
quórum, o senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os
senhores vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos vereadores Haroldo de Souza,
Fernanda Melchionna e Toni Proença e secretariados pelo vereador Toni Proença.
Do que foi lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será
assinada pelos senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Passamos à
O Sr. Cláudio Janta, Presidente da Entidade Força
Sindical, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar
de assunto relativo ao Trabalho Decente em Porto Alegre.
O SR. CLÁUDIO
JANTA: Boa-tarde, Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Boa-tarde, Vereadores e
Vereadoras; trabalhadores que nos prestigiam aqui nesta Casa no dia de hoje.
Nós, os trabalhadores, os gestores públicos, os empresários e os Governos
Municipal, Estadual e Federal, recebemos um desafio da Organização
Internacional do Trabalho.
Esse desafio é a busca do trabalho decente. Então,
nós estamos discutindo no Brasil inteiro, no mundo inteiro, a questão do
trabalho decente. Agora, em maio, teremos a Conferência Nacional do Trabalho
Decente, em Brasília, onde o Rio Grande do Sul estará representado. Nós temos
levado as discussões da OIT sobre o trabalho decente a todos os rincões do
Brasil. Nós entendemos que o trabalho decente é um conjunto de ações empresariais,
públicas e de trabalhadores. O trabalho decente é um conjunto de coisas que
leva a dignidade às pessoas; não é só o local de trabalho, não é só o salário
que as pessoas recebem. Nós entendemos que o trabalho decente passa pela
moradia da pessoa; passa pelo saneamento, pela escola, pela saúde. Trabalho
decente é quando o trabalhador chega ao seu local de trabalho e a sua família
sabe onde ele está indo.
Uma das questões que envolve o trabalho decente é o transporte, e, por isso, nós pedimos ao nosso amigo e companheiro Ver. Tarciso que solicitasse para nós este espaço da Tribuna Popular. Nós vimos, na semana passada, o Prefeito de Porto Alegre atendendo a um apelo da população, do Movimento Sindical, do conjunto da sociedade, e reajustou o valor da passagem bem abaixo, muito aquém do que queriam os empresários. E mesmo com essa sensibilidade, com essa determinação do Prefeito da nossa Cidade em ajudar a população – e a Prefeitura de Porto Alegre está encampada na luta por um trabalho decente –, ainda assim a passagem de ônibus de Porto Alegre se constitui na segunda mais cara do Brasil; nós temos que descobrir por quê. Tivemos os percentuais da inflação, o INPC acumulado – que é o custo do País, o custo dos trabalhadores, o custo de tudo que se faz neste País –, de 1994 a 2012, ficou em 282,37%.
Este foi o custo do Brasil; o País aumentou os
produtos, teve uma inflação, teve um custo de 282,37%. O salário dos
trabalhadores rodoviários, de 1994 a 2012, teve um reajuste – com ganhos reais,
com tíquete, com tudo a que eles têm direito – de 296,68%. Então, a inflação
foi de 282%; o INPC de 282%; e o reajuste dos rodoviários foi de 296%; e a
passagem de ônibus, de 1994 a 2012, subiu 670,27%! Foram 100% relativos ao
INPC; foram 94% relativos ao salário dos rodoviários de Porto Alegre. Mas
a passagem subiu tudo isso
porque no seu custo – o que
ninguém sabe na cidade de
Porto
Alegre – estão incluídos os acessórios, as despesas de pessoal e as despesas de
administração. Na rubrica do custo dessa passagem há um item – Outras Despesas
– que ninguém sabe o que é. Também no custo dessa passagem estão incluídos o
custo do seguro de vida de quem anda no ônibus, o DPVAT, até o pró-labore dos
diretores da empresa; está incluído o valor do pneu, do combustível, da água,
da luz, do IPTU, e até dos honorários advocatícios. Acho que chegou o momento de a nossa Cidade ver isso. Nós não podemos
onerar o povo trabalhador. Nós não podemos onerar os 230 mil trabalhadores
informais de Porto Alegre; nós não podemos onerar os 44 mil trabalhadores
desempregados de Porto Alegre; nós não podemos onerar as 950 mil pessoas que
usam o transporte coletivo de Porto Alegre diariamente! Qual é a empresa, no
mundo, que tem a sua conta de luz paga pela população? Qual é a empresa
pública, no mundo, em que o pró-labore dos seus diretores entra no cálculo da
tarifa? Todo mundo quer isso: não ter gastos com nada! Por isso torna-se
completamente inviável o custo da passagem quando temos que pagar até o seguro,
o que é obrigação das empresas. Então, esses 101,45% representam o lucro que as
empresas tiveram! Qual é a empresa, no mundo, que ganhou 101,45% de lucro?
Somente os bancos. Eu acredito que o transporte coletivo de Porto Alegre está
fazendo concorrência com o Bradesco, com o Itaú, que foram os bancos que mais
lucraram no segundo semestre do ano passado.
Então, é
importantíssimo que esta Casa do Povo, que representa a população, crie uma
comissão especial para analisar o que aconteceu com o transporte de 1994 até
2012, o que aconteceu para que o custo da passagem tenha subido 670%, enquanto
o INPC foi de apenas 282%? O que aconteceu com a passagem que subiu 670%,
enquanto o reajuste dos rodoviários foi de 296%? Nós precisamos ver isso, e
cabe a esta Casa ver isso; cabe aos Legisladores da nossa Casa verem isso, cabe
à população de Porto Alegre ser ouvida na questão da passagem de ônibus. Se
está ruim para os empresários, que se abra uma licitação nacional! Isso é uma
concessão pública! Isso é nosso. Sem contar as mazelas que os trabalhadores passam
no seu dia a dia: um trabalhador que mora no Extremo-Sul de Porto Alegre ou no
Extremo-Norte leva duas horas para chegar ao Centro de Porto Alegre – duas
horas! Agora, em janeiro e em fevereiro, as empresas, a seu bel-prazer,
trocaram os horários dos ônibus, mas as pessoas não trocaram o seu horário de
trabalho, as empresas não fizeram uma adequação no horário de trabalho das
pessoas! Então, é importantíssimo que esta Casa discuta isso. Novas linhas de
ônibus precisam ser implementadas em Porto Alegre para os novos bairros que
foram criados na nossa Cidade. É necessário se buscar a decência no trabalho, e o
transporte coletivo, a saúde, a educação, segurança, saneamento, cultura, tudo
isso é decência no trabalho, não são somente o salário e as condições de
trabalho. Não adianta a pessoa trabalhar numa empresa salubre, com condições
dignas se, para ir e voltar da sua casa, leva-se duas horas e meia pela falta
de transporte. Um trabalhador que mora no Lami tem que se adequar aos horários
das empresas de ônibus, que passam de meia em meia hora, assim como um
trabalhador que mora nos extremos da Cidade.
Então, nós pedimos a esta Casa, pedimos à Câmara de
Vereadores de Porto Alegre que crie essa comissão especial para discutir o
transporte coletivo em Porto Alegre e o transporte que os cidadãos, os
trabalhadores de Porto Alegre querem. E, junto a essa questão, também discutir
as muitas isenções no transporte coletivo; saber por que não há o critério de
renda, de taxa de família, pois hoje não tem nenhum critério! Hoje, qualquer
aposentado, por exemplo, é isento do pagamento da passagem de ônibus, ganhe ele
R$ 500 ou R$ 20 mil. Mas um estudante de escola pública estadual ou municipal
tem a mesma isenção de um aluno de escola particular, onde a mensalidade varia de
R$ 1.500 a R$ 1.800.
Então, Vereadoras e Vereadores, seria esta a
reivindicação da nossa Central, a Força Sindical: que esta Casa crie uma
comissão especial para discutir com o povo de Porto Alegre a questão do
transporte coletivo. Muito obrigado, que Deus abençoe e ilumine a todos nós.
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Convidamos o Sr. Cláudio Janta a tomar assento à
Mesa, para que possamos ouvir as manifestações da Bancadas.
O Ver. Tarciso Flecha Negra está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. TARCISO
FLECHA NEGRA: Boa-tarde, Sr. Presidente; boa-tarde, Presidente Janta, da Força
Sindical, a minha preocupação maior porque sou, sim, um Vereador de Porto
Alegre, e a minha visão é com todos os bairros da nossa Cidade. O meu pai era
um operário humilde, um ferroviário que puxava o aço – ele lixava o minério
para fazer o aço –, mas nós tínhamos a nossa casa, pobre, sim, humilde, mas com
conforto. Eu acho que deve ser assim com todos os nossos trabalhos que
constroem Porto Alegre, que constroem o Brasil, que constroem os outros
Estados. Eu acho que a tua fala foi maravilhosa, Janta, em cima dos
trabalhadores. Eu estou aqui com um discurso para falar depois, na tribuna,
sobre a Ponta Grossa, Campo Novo, Belém, Sarandi, porque sou um Vereador de
Porto Alegre, e esse problema me incomoda muito. Os trabalhadores fazem esta
nossa Cidade ser linda e, na hora em que eles vão para casa, têm que ter, no
mínimo, um conforto, segurança, transporte, uma rua transitável e chegar bem na
sua casa, abraçar seus filhos, sua família, para que, no outro dia, às seis
horas da manhã, eles estejam construindo a nossa Porto Alegre. Então, essa é a
minha preocupação. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Paulinho Rubem Berta está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. PAULINHO
RUBEM BERTA: Sr. Presidente, Sr. Cláudio Janta, eu sou Presidente da Comissão de
Urbanização, Transporte e Habitação desta Casa, e quero colocar à sua
disposição a nossa Comissão para receber as suas solicitações e informações. A
CUTHAB deve tratar dessa questão do transporte de Porto Alegre, munida com suas
informações. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR.
SEBASTIÃO MELO: Presidente, tem-se que ter um poder de síntese
muito forte para discutir uma matéria dessas. O Cláudio Janta e sua equipe são
sempre bem-vindos nesta Casa. Eu quero dizer que, entra ano e sai ano, Janta, a
cantilena é a mesma: os empresários dizem que o preço é justo e o serviço é
bom, e o povo diz que o serviço é ruim e o preço é alto. Essa é a cantilena, e
até com uma certa conivência, às vezes, do próprio Sindicato dos Rodoviários,
que eu vejo essa greve meio branca, parece que é meio acordada, e sempre
acontece isso. Eu acho que dá para discutir essa matéria. Agora, não há almoço
de graça. Vinte e oito por cento dos que andam de ônibus nesta Cidade não
pagam, e eu acho que o princípio para não pagar tem que ser a necessidade. A
única capital do Brasil em que, aos 60 anos, não se paga passagem é Porto
Alegre, não há nenhuma outra, e isso é porque aqui houve uma Lei Municipal.
Acho que esta Casa – e não pode ser iniciativa de
um Vereador, mas junto com a Prefeitura... Eu tentei fazer isso quando era
Presidente, e não foi possível. Tinha-se que rediscutir as isenções e tinha que
colocar outra questão em pauta: as isenções dos tributos federais, estaduais e
municipais, que acho que tinham que incidir para diminuir a passagem.
Agora, eu não posso deixar de reconhecer avanços.
Por exemplo: 23% da frota, hoje, tem condicionadores de ar; 51% tem
acessibilidade, fora o comportamento especial. Nós temos hoje três milhões de
pessoas que andam de ônibus, por mês, que não pagam a segunda passagem, dos 27
milhões.
É evidente que eu concordo com V. Sa. que tem que
ter licitação para o transporte coletivo, para os meios de comunicação, e para
tantas outras coisas que o Brasil ainda não fez, vem “costeando o alambrado”,
inclusive com o apoio nacional fortíssimo da classe política. Então, eu entendo
que tem que ter. Agora, é evidente que, para fazer licitação, eu também não
posso esquecer que há os BRTs em andamento, que há o metrô em andamento e que,
portanto, eu não posso licitar sem combinar esses modais que são indispensáveis
para uma licitação. Muito obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Toni Proença está com a palavra, nos termos
do art. 206 do Regimento.
O SR. TONI
PROENÇA: Sr. Presidente; quero cumprimentar o Janta, Presidente da Força
Sindical, companheiros Vereadores e Vereadoras, companheiros da Força que hoje
prestigiam o Janta aqui na Tribuna Popular. Eu venho me somar à manifestação do
Ver. Paulinho Rubem Berta. Tenho uma preocupação muito grande com a instituição
Câmara de Vereadores; e uma das instâncias fundamentais da Câmara são as
Comissões Permanentes. A CUTHAB é o fórum adequado para que a gente discuta
esse tema trazido hoje aqui. Acho que a CUTHAB, Ver. Paulinho – que é o
Presidente –, pode gerar um calendário de discussões e um grande debate sobre
esse tema, e nós estaríamos fortalecendo não só a Câmara, como as Comissões
Permanentes, que são um instrumento da população para discutir e debater temas
como esse. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. MAURO
PINHEIRO: Sr. Presidente; Cláudio Janta, Presidente da Força Sindical, é um
prazer recebê-lo aqui; pessoal das galerias, falo em nome do Partido dos
Trabalhadores para dizer que são muito oportunas as suas palavras, Sr. Cláudio
Janta, a respeito dos ônibus. No ano de 2011, comandados pela Presidente da
Casa, Sofia Cavedon, nós fizemos o Câmara no Ônibus e registramos diversas
vezes problemas no transporte coletivo de Porto Alegre. O senhor está coberto
de razão; acho que esta Casa tem a obrigação de fazer um estudo, uma maior
fiscalização junto com a Prefeitura, junto com a EPTC, junto com as empresas,
porque há muitos problemas nas empresas de ônibus. Isso foi muito bem colocado
pelo senhor quando falou dos bairros que se estendem em Porto Alegre e hoje não
são bem atendidos por linhas de ônibus; a Cidade está crescendo e as linhas de
ônibus continuam as mesmas de há muito tempo. Então, nós temos, sim, que
trabalhar junto com a EPTC, com a Prefeitura, com a Força Sindical, com sindicatos,
com as comunidades, com associações e fazer um debate nesta Cidade sobre a
importância do transporte coletivo e a forma como deve ser estendido. Devemos
fazer, sim, uma nova licitação das empresas de ônibus, para que possamos ter um
melhor atendimento à população. A passagem é cara em Porto Alegre, e o
atendimento não é, muitas vezes, da forma como deveria ser para a população.
Portanto, concordo com o senhor, e devemos, sim, fazer aqui uma comissão
especial, criar alguma coisa que estude, dentro das Comissões, como melhorar o
transporte coletivo de Porto Alegre. Parabéns! Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; meu caro Presidente Cláudio
Janta; Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras; meus senhores e minhas senhoras; há
55 anos, eu estava encerrando o meu curso de Engenharia Civil e fui chamado
para a recém-criada Secretaria Municipal de Transportes para organizar o
transporte da Cidade, que era absolutamente precário, totalmente desorganizado,
com ônibus caindo aos pedaços, diferentemente de hoje, quando temos uma frota
de 1.650 ônibus da melhor qualidade. Mas não é este o caso. Ao longo de todo
esse tempo, foi algo que me encantou o transporte coletivo urbano, porque foi
aí que comecei a minha vida pública, e cheguei a uma conclusão só: se eu tiver
que ter um bom sistema de transporte público, só tem uma condição, e essa
condição chama-se tarifa justa. E essa tarifa justa exige planejamento e
fiscalização, porque senão diria que era um tripé, e tenho a convicção de que a
tarifa atual é justa. Mas eu não entendo, por exemplo, que tenha aumentado, de
1994 para cá, 675%. Portanto, a tarifa era 40 centavos em 1994? É uma dúvida;
eu acho que não era. Mas, de qualquer forma, para ter esse acréscimo, teria que
ser 40 centavos.
Eu me preocupo com os meus ilustrados colegas que
vão ao microfone e falam sobre o transporte coletivo da Cidade; esquecem que já
está na CUTHAB e já está na Comissão de Finanças o cálculo tarifário. Analisem
o cálculo tarifário e depois falem. Não façam discursos prontos! Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento, pela oposição.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Ver. Haroldo, muito obrigada. Quero cumprimentá-los, Cláudio Janta e
todos os filiados à Força Sindical, esse Sindicato combativo. Quero dizer que a
nossa experiência, andando de ônibus, comprova, com certeza, os elementos que
tu trouxeste aqui, da dura vida dos trabalhadores dos ônibus. Os ônibus já são
desconfortáveis para quem passa uma hora, meia hora, imaginem para quem passa
seis horas dirigindo! Por exemplo, na frente, não ter ar condicionado e ainda
ter aquele motor; o motorista trabalha com aquele calorão e aquele barulho na
frente. Os uniformes: às vezes, é só a camisa, e ainda cobram que não pode ser
bermuda, ou calça. Os trabalhadores levam o estresse da superlotação, porque a
população xinga e desconta neles, e, lá pelas tantas, eles não conseguem mais
tratar bem a população.
A gente está trabalhando na perspectiva de uma
licitação, de mudança de modais, mas, se hoje fosse cumprida a legislação, se
cumprissem horário, se houvesse ônibus em todos os horários, se o limite de
número de passageiros fosse cumprido, só isso já diminuiria os problemas do
ônibus. Então, falta fiscalização, falta criatividade, intervenção, cobrança
dessas empresas de ônibus que acabam superlucrando com uma passagem cara, com a
população sendo muito mal-atendida.
Então, essa luta é muito justa e tem a parceria dos
Vereadores da Câmara, do Ministério Público, que está fiscalizando, e do
Tribunal de Contas. É a hora da virada do sistema de ônibus nesta Cidade.
Parabéns pela luta da Força Sindical! (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos termos do
art. 206 do Regimento.
O SR. LUIZ
BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; eu quero cumprimentar o meu amigo
Cláudio Janta e também todos aqueles que vieram aqui representando a Força
Sindical, e dizer, Cláudio Janta, que a sua vinda para este
debate é muito salutar. Acho que nós temos que realmente avançar nisso. Agora,
eu estava ouvindo a Ver.ª Sofia Cavedon, e eu acho que falta seriedade no
debate. Eu lembro quando se estava discutindo aqui o plus tarifário. Naquela época, quem administrava esta Cidade era o
PT, e o PT foi extremamente generoso com o plus
tarifário; agora, eles vêm aqui fazer um discurso como se tivessem o direito de
fazer apenas cobranças! Não, o PT, nos seus 16 anos, tem que ser cobrado com
relação a tudo que fez, aos desmandos que fez. Mas eu acho que esta Casa deve
estar sempre pronta para debater aquilo que é importante para as pessoas.
Com toda a certeza,
hoje, temos um serviço de transportes melhor do que a maioria das cidades do
Brasil. Mas, com toda a certeza, também precisamos fazer com que a nossa tarifa
seja cada vez a mais justa possível. Então, este debate sempre deve ser muito
bem-aceito em uma Casa como a Câmara de Porto Alegre.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento, pelo Governo.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza; Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, meus senhores e minhas
senhoras, às vezes, eu fico pensado se valeram a pena os 55 anos que tentei
estudar o transporte coletivo urbano. Ouço os meus colegas falarem e entendo
que eles não conhecem o problema. Andar de ônibus não resolve o problema, não
diz o que está acontecendo. Eu tenho aqui o cálculo tarifário encaminhado pela
Prefeitura no dia 3 de fevereiro, e a tarifa foi reajustada no dia 6 de
fevereiro. Isso está na CUTHAB, está na Comissão de Finanças, mas eu não
conheço, na história da Câmara Municipal, Vereador que tenha analisado este
estudo aqui para dizer se está certo ou errado. Se alguém quer resolver
transporte coletivo, que busque, por exemplo, o escalonamento de horários. Nós
sabemos que não falta ônibus em Porto Alegre. Basta olhar, às 9h da manhã, aqui
na 1ª Perimetral, em frente à Prefeitura, se não tem 12, 15, 20 ônibus parados,
e pela Cidade é a mesma coisa.
Então, quem sabe, analisamos
a coisa com seriedade, e eu acho que o escalonamento de horário, já aprovado em
outros países, funcionaria muito melhor do que estar reclamando a tarifa, e que
para dizer que não é justa tem que contestar este estudo completo que está aqui, e que
16 dos 18 Conselheiros do Comtu aprovaram, e o Prefeito reduziu o valor
proposto pela EPTC.
Eu acho que, em vez de fazer discurso, devemos
estudar, e eu não vejo estudo, eu vejo é discurso, e discurso não resolve nada
em lugar nenhum! Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Luciano Marcantônio está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. LUCIANO
MARCANTÔNIO: É um prazer, meu amigo Cláudio Janta, recebê-lo na Câmara de Vereadores,
quero parabenizá-lo pela atuação como Presidente da Força Sindical, um
Sindicato importante em relação à defesa dos trabalhadores aqui no Estado do
Rio Grande do Sul.
Esse assunto do transporte coletivo em Porto Alegre
merece um debate permanente, é algo que atinge a maioria da nossa população.
Então, é um tema que nós sempre temos que enfrentar com serenidade, mas também
como o nosso Líder de Governo, o Ver. João Dib, colocou, com muita
responsabilidade. Esse cálculo da tarifa é uma questão técnica, e as pessoas que
querem melhorar e conseguir um valor mais acessível devem se basear num
conceito técnico também.
Quero exaltar as ações do Prefeito Fortunati, como
o próprio Presidente da Força colocou, meu amigo Cláudio Janta, no sentido de
melhorar a qualidade do transporte e da mobilidade urbana da nossa Cidade. Nós
temos grandes exemplos, um deles foi o próprio aumento da tarifa abaixo do
IPCA, abaixo do valor sugerido pelo Comtu. Nos últimos 20 anos, ou desde 1994,
é a segunda vez que se abaixa tanto o valor em relação ao IPCA, então o
Prefeito chegou ao limite em relação a conquistar um valor menor possível. Mas
o mais importante são outras medidas que vão resultar na diminuição, em médio e
longo prazo, desse valor e na melhoria da qualidade de transporte coletivo e da
mobilidade urbana: são as obras viárias que estão acontecendo em Porto Alegre,
que vão contribuir na relação da mobilidade; são também iniciativas que nunca
aconteceram, esperadas há décadas por nossa Cidade, como o edital de
manifestação de interesse pelo transporte hidroviário. É também o projeto que
já está em estudo: trensurb, Prefeitura de Porto Alegre; aeromóvel do Centro
para a Zona Sul e tantas e tantas outras medidas no sentido de fazer com que
haja concorrência. E o mais importante é o estudo sério, responsável,
determinado pelo Prefeito José Fortunati, para que aconteça a licitação das
empresas de transporte coletivo de Porto Alegre. Obrigado, Sr. Presidente, Ver.
Haroldo de Souza.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Elias Vidal está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ELIAS
VIDAL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Sr. Cláudio Janta,
senhoras, senhores, público que se encontra nesta Casa Legislativa e aqueles
que nos assistem pela televisão, eu sou da CUTHAB há mais de oito anos, e ali
temos temas com os quais nos identificamos. Eu quero me somar à fala do Ver.
Paulinho Rubem Berta, da nossa Bancada do PPS, Presidente da CUTHAB, e também a
outros, porque o fórum adequado para tratar deste assunto é a CUTHAB. Problemas
com relação à Educação, é na CECE; assim como, quando se trata de Saúde, é na
Comissão correspondente. Esta Casa tem várias Comissões, cada uma cuidando de
um tema específico. Não sendo assim, ninguém faz nada, todo mundo faz tudo, e
faz tudo errado, porque não se cruzam as informações. Então, cada equipe se
especializa num tema específico. No nosso caso, a CUTHAB, trata da habitação e
do transporte.
A minha preocupação, e deixo como reflexão para os
senhores, é que esse tipo de tema, muitas vezes, entra por uma rota de
partidarização. E, quando isso acontece, é muito perigoso. Quando um tema entra
no campo político, e, às vezes, com interesse partidário, derrubar por
derrubar, porque com a derrubada a pessoa pode se sobressair mais. E há aqueles
que são daquela linha de quanto pior, melhor. Estou dizendo que isso existe
sim, e ninguém aqui é criança para não saber que isso existe. Dificilmente
alguém vem aqui dizer que o transporte coletivo de Porto Alegre é um dos
melhores, senão o melhor do País.
Eu, por exemplo, venho de ônibus para esta Casa, e,
às vezes, eu volto correndo, daqui até a Zona Sul. Hoje, eu vim de bicicleta;
mas eu ando de ônibus também. Dificilmente, venho e volto de carro.
Nós tivemos uma intervenção, acho que em 1989, de
uma forma açodada, precipitada, e a população está pagando por isto até hoje.
Ou já esqueceram disso? Só quem tem memória curta; quem não tem, sabe. Foi
tomada uma decisão, porque o transporte não prestava, o transporte estava errado,
estava tudo errado, não tinha nada de bom. E estamos pagando até o dia de hoje.
A sociedade está pagando ainda hoje. O cidadão porto-alegrense está pagando,
você está pagando, eu estou pagando, todos estão pagando, porque isso foi feito
por caminhos tortuosos. Então, o que eu quero deixar aqui – e minha fala não é
melhor que a de ninguém – é essa reflexão: a gente tem que confessar o que está
errado, mas a pessoa séria também reconhece o que é certo, o que é bom; isso é
grandeza. Ninguém pode ter a presunção de dizer: eu sou o cara, eu sei; meu
Partido é melhor. Isso já é bíblico, não é? A presunção precede a queda, a
ruína; e a humildade, a grandeza. Então, quando eu vejo, às vezes, uma fala
indo por um caminho, um debate indo por um caminho, muitas vezes mais por
questões políticas e, às vezes, por interesse partidário ou pessoal, eu não sou
parceiro. Não estou dizendo que isso é aqui, mas acontece, e muito. E os
senhores sabem que acontece. Fazem o teatro. Então acho que nós temos que ser
sérios. Nós precisamos dizer o que está errado para melhorar, sim, nós, como
Vereadores. Agora, nós precisamos também elogiar. Tem gente que vai a Cuba, ou
que nunca foi a Cuba, e elogia. Eu estive agora, há 70 dias, em Cuba, e é uma
porcaria. E discuto com qualquer um. É bom para quem vê pela Internet. É bom
para quem se hospeda lá em Cuba, num lugar especial, que é só do Fidel e da
turminha dele. Mas eu estive lá, eu corri pelas ruas de Cuba, agora, há poucos
dias, e é uma porcaria sim. Eu digo porque eu estive lá. Se você acha que é
bom, vá para lá. Alguém que tenta fugir 18 vezes de um lugar e não consegue,
quer sair e não consegue, porque bom não deve ser.
Então, é muito fácil “dar pau”, mas elogiar, não,
por quê? Porque elogiar é reconhecer, e o reconhecimento é, muitas vezes,
repartir com o outro. O ser humano é egoísta, ele quer só para ele as coisas.
Então, mais fácil é jogar tijolo para todos os lados, mas não é bem assim.
Então, eu me somo com a CUTHAB...
(Som cortado
automaticamente por limitação de tempo.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Não havendo
mais manifestações, e, seguindo o Regimento da Casa, agradeço a
presença do Sr. Cláudio Janta, da Força Sindical, e suspendo a Sessão para as
despedidas.
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h55min.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza – às 14h56min): Estão reabertos os trabalhos. Solicito à 2ª Vice-Presidente da Casa,
Ver.ª Fernanda Melchionna, que assuma a presidência dos trabalhos.
(A Ver.ª Fernanda
Melchionna assume a presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): Passamos às
A Ver.ª Sofia
Cavedon está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Adeli
Sell.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Quero cumprimentar a companheira Fernanda, o nosso carinho, o nosso
abraço por sua perda, e a nossa alegria por estar assumindo papéis na direção
desta Casa. Acho que essa é a prova da democracia, da pluralidade que esta Casa
construiu e honra, pois trabalha com oposição, situação e compartilha a direção
da Casa o que permite o contraditório.
Eu queria, neste
período de Comunicações, seguir no tema do transporte. O Ver. Dib diz que não basta
andar de ônibus; acho que não basta, realmente. Acho que não é à toa que existe
o curso de formação de Engenheiro de Trânsito, de Engenharia de Tráfego, não é
à toa que existem técnicos especialistas, porque isso é uma ciência, é, sim,
uma área na qual é preciso acumular discussão e estudo. Agora, eu acho que nós
também temos que olhar a área do Transporte como um produto que o cidadão
compra, e o Direito do Consumidor deve levar em conta a satisfação do
consumidor, a fala do consumidor, porque, se não é um produto subsidiado, muito
menos é gratuito, muito menos é pago pelo dinheiro orçamentário. A passagem de
ônibus, toda a circulação e o transporte da população nesta Cidade, com exceção
da pessoa com deficiência, do idoso, do estudante, que tem meia passagem, é
paga do bolso do cidadão. Estivemos no programa Conversas Cruzadas, na semana
passada, a população opinou e 69% avaliou como ruim o transporte público na
cidade de Porto Alegre – é uma amostragem, é verdade. A avaliação da população,
no Conversas Cruzadas foi de “ruim”. E mais, Ver.ª Fernanda: 15% avaliou como
regular. Ou seja, nós nunca tivemos, depois da intervenção, uma avaliação tão
ruim do transporte público desta Cidade.
Ver.ª Fernanda, eu gostaria que V. Exa. segurasse o
meu tempo, pois eu gostaria que o som melhorasse, já que está horrível.
(Pausa.)
O sistema de som da Casa não está bem; ano passado
nós – quero assumir uma parte da responsabilidade – fizemos um esforço no
sentido de construir um projeto para renovar, Ver. DJ, todo o sistema de som da
Casa, e o nosso setor de obras não conseguiu fazer esse projeto para a gente
poder licitar. Mas eu agradeço por ter melhorado agora, porque a gente tem que
fazer um esforço enorme de voz para tentar ser ouvido; agradeço ao nosso colega
municipário, Ver.ª Fernanda.
Quero desenvolver esta ideia: quero contrapor-me ao
que disse o Elias Vidal, porque antes da intervenção nos ônibus, que pode ter
tido seus problemas, não resolveu tudo na cidade de Porto Alegre, o atendimento
de ônibus nesta Cidade era caótico, pois o que a gente mais via era ônibus
quebrado nas vias públicas, ônibus muito ruins, muitas empresas diferentes
atendendo em padrões de qualidade diferentes, nenhum controle do sistema, e
muitos mecanismos, a partir da intervenção, foram construídos; muitos
mecanismos, inclusive o cálculo da tarifa a que se refere o Ver. Dib, que tem
que ser melhor entendido, principalmente num item: lucro das empresas. Porque,
pelo que eu saiba – e a palavra do Prefeito, há duas semanas, afirmava isso –
não há subsídio para o sistema de ônibus, e, se não há subsídio, a Carris vive
da passagem de ônibus. Por que a Carris oferece, então, um serviço muito melhor
do que as outras empresas, se ela vive da passagem do ônibus? Ela tem trajetos
mais curtos, é verdade, mas isso é meio equilibrado, porque o trajeto das
linhas “T” é um trajeto bastante longo. Então, nós temos muito lucro nas
empresas privadas, porque os salários não são melhores do que os dos
funcionários da Carris; aliás, os funcionários são muito, muito oprimidos, são
vítimas de um sistema onde o lucro não está claro para a população de Porto
Alegre. Acho que depois da intervenção a gente evoluiu bastante, os ônibus
foram se modificando. Mas eu diria que houve uma curva ascendente e, hoje, há
uma curva descendente; uma curva descendente, porque ônibus que se compravam só
com um motor atrás, hoje, compra-se com motor na frente de novo, não se ampliou
ar condicionado, não se ampliou significativamente a acessibilidade. Então,
nós, de fato, hoje, temos uma gritaria muito grande da população, e esta Câmara
deve, sim, prestar atenção ao que a população está falando, como o movimento
dos adesivos nas paradas de ônibus, dizendo “coloque aqui o itinerário”, já que
ninguém sabe que ônibus passa em cada parada. Então, senhores...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pela oradora.)
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): O Ver. Mauro Pinheiro está com a palavra em
Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Airto Ferronato.
O SR. MAURO
PINHEIRO: Ver.ª Fernanda, que preside a Sessão na tarde de hoje, para nós é uma
satisfação muito grande vir a esta tribuna e presenciar, pela primeira vez, a
Sessão ser presidida pela nossa grande Vereadora Fernanda. Cumprimento os
demais Vereadores, Vereadoras, público que se encontra nas galerias e público
que nos assiste pelo Canal 16. Quero aproveitar e agradecer também o Ver. Airto
Ferronato, que cedeu o seu tempo do período de Comunicações para falar a
respeito de um projeto, Ver. DJ Cassiá, que acabei de protocolar, hoje, na
Casa, sobre transporte, Ver. João Antonio Dib.
No período de recesso, fiz uma viagem a São Paulo,
e nós, Vereadores, Ver. Mario Fraga, mesmo quando estamos passeando, estamos
sempre olhando, aprendendo, e lá em São Paulo, onde há um trânsito muito
caótico, muito difícil, um dia peguei um táxi, e, quando vi, ele pegou um
corredor. Aí eu disse: “Opa, o senhor pegou o corredor”, e ele me disse: “Não,
aqui existe uma lei que nos permite, quando estamos com passageiro, utilizar o
corredor de ônibus para que a gente possa se deslocar mais rápido, sair dos
congestionamentos”. Ver. DJ Cassiá, dessa forma o transporte atenderá melhor ao
passageiro e com isso o que acontece? Fica muito melhor. A gente sabe que o
transporte, hoje, tem as suas dificuldades, e, muitas vezes, eu pego a Av.
Sertório, de carro, fico trancado no trânsito, e vejo que os táxis, junto
comigo, ficam parados, enquanto o corredor de ônibus está vazio. Então,
chegando aqui em Porto Alegre, fizemos um estudo sobre vários Municípios, junto
com a minha assessoria, e constatamos que em vários já existe essa lei, e Porto
Alegre não utiliza os corredores.
Portanto, protocolei um projeto nesta Casa, hoje,
que permite que os táxis – quando estiverem com passageiro, nos horários
compreendidos entre 7h e 8h, que é o horário de maior movimento, e no horário
das 18h às 19h30min, que é o horário mais conturbado – possam utilizar os
corredores de ônibus. Como eu estava falando, na Av. Sertório, muitas vezes, a
gente está parado, o corredor está vazio, então o táxi vai pegar o corredor,
vai andar mais rápido e o passageiro vai chegar mais cedo em sua casa. Então,
talvez, a gente consiga diminuir um pouco o trânsito, porque isso vai fazer com
que o automóvel fique em casa, que as pessoas usem mais o táxi, o transporte
coletivo. Então, esse é um esforço que nós estamos fazendo para colocar esse
assunto até mesmo em debate aqui nesta Casa. O nosso Projeto está aberto para
debate com os demais Vereadores, para que a gente possa fazer os ajustes
necessários. Vou consultar, agora, também os taxistas, o Sindicato dos Taxistas,
para que a gente possa aprofundar ainda mais o debate, melhorar o projeto,
buscando uma alternativa melhor para os corredores de ônibus, fazendo com que,
nesse horário de pico, os táxis possam usar esse espaço. Também há outras
questões: o táxi só vai poder usar este corredor de ônibus quando ele estiver
com passageiro. Quando ele estiver vazio, vai ter que se comportar como um
automóvel comum. A nossa ideia é para facilitar a vida dos táxis, até porque,
muitas vezes, a gente ouve a reclamação de que faltam táxis em Porto Alegre, e
eu não concordo com isso. Acho que nós temos uma frota bastante qualificada em
Porto Alegre, com condições de atender. A nossa ideia é facilitar, Ver. Alceu
Brasinha, para que os táxis tenham mais agilidade, possam levar aquele
passageiro até seu destino, voltar a ficar vazio e buscar novos passageiros,
diminuindo o tempo de espera nos horários de maior movimento. Diminuindo o
tempo que ele vai levar para conduzir o passageiro, nós vamos ter um maior
número de táxis circulando, sem aumentar o número de táxis.
Então, essa é a nossa ideia; protocolamos hoje esse
Projeto. Gostaria que os Vereadores pudessem analisar e contribuir com o nosso
Projeto, bem como os motoristas de táxi que estiverem nos assistindo, pois nós
vamos fazer contato para que se possa melhorar esse Projeto. Vamos conversar
com a EPTC também, para que a gente possa buscar uma melhor solução para a
cidade de Porto Alegre, melhorando o nosso transporte coletivo e dando mais
agilidade à cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): O Ver. Alceu Brasinha está com a palavra em
Comunicações.
O SR. ALCEU
BRASINHA: Sra. Presidente Fernanda Melchionna, é uma satisfação, estou com saudade
de ver V. Exa. aqui; quero dizer que fico muito feliz em vê-la novamente. Eu
não tenho palavras para ajudá-la, mas pode ter certeza de que tens um irmão
aqui. Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras, meus queridos DJ Cassiá e Ver. Elói
Guimarães, nós que pegamos a Av. Castelo Branco... Para mim seria mais perto
pegar a Av. Plínio Brasil Milano, a Goethe, a Vasco da Gama, para chegar aqui,
mas leva mais de uma hora, Ver. Dib. Eu acho que o caminho que eu faço, eu pego
a Av. Assis Brasil, a Rua Cairu, um pedaço da Rua Voluntários da Pátria e a Av.
Castelo Branco para vir para cá. No mínimo, duas ou três vezes por dia eu uso a
Castelo Branco e vejo que a Castelo Branco é uma avenida que, realmente, não
tem muitos acidentes, Ver.ª Sofia. Eu acho que o senhor, Ver. Elói, faz quase
esse caminho que eu faço. Não tem muitos acidentes! Isso me levou a apresentar
um Projeto porque eu acho que é importante aumentar um pouco a velocidade em
alguns trechos de algumas avenidas, Ver. DJ Cassiá. Por quê? Quando tem uma
lombada eletrônica, ou um pardal, Ver. Dib, o condutor do carro, geralmente,
não passa a 40km por hora pela lombada, ou não passa a 60km por hora pelo
pardal, pode ter certeza absoluta. Quando é o pardal, o cara passa a 40Km/h;
quando é a lombada, passa a 20Km/h, 20 e poucos, e aí dá problema de
engarrafamento. É quase igual a quando tu estás na autoestrada: se há uma
viatura da polícia rodoviária andando a 60Km/h, fica todo mundo a 60Km/h atrás.
Eu já não tenho esse hábito. Se é permitido andar a 110Km/h na freeway, eu vou andar a 110Km/h; não
interessa que a polícia esteja a 80Km/h ou a 90km por hora. Eu mantenho a
velocidade que é permitida. E assim acontece aqui dentro do Município também,
assim acontece, Ver. Oliboni – Deputado Estadual, parabéns!
Eu protocolei esse Projeto justamente pensando em
alguns pontos como, por exemplo, na Av. Bento Gonçalves, saída para Viamão. Ali
realmente as pessoas andam a 60km/h só onde tem o pardal. Eu só quero legalizar
o que já é praticado. Na Av. Ipiranga, também; na Av. Assis Brasil; lá no Laçador.
Eu acho que esse Projeto de elevar para 70km/h simplesmente vai beneficiar quem
anda, no dia a dia, de carro na Cidade.
O Sr. DJ
Cassiá: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Brasinha,
atentamente eu estava escutando o seu pronunciamento, o Projeto tem mérito, é
um Projeto bom. O senhor coloca locais que permitem essa velocidade. Na própria
freeway a velocidade foi aumentada
para 110km/h, e, segundo a pesquisa que saiu agora, reduziram os acidentes na freeway após o aumento da velocidade. Eu
não estou querendo dizer que a velocidade vai salvar vidas; não, não é isso,
não! Mas quero dizer aqui que concordo com o senhor e apoio o seu Projeto
quando se fala em locais específicos.
O SR. ALCEU
BRASINHA: Obrigado, Ver. DJ Cassiá. Por exemplo, muita gente diz: “Ver. Brasinha,
tu não achas que apresentando esse Projeto vai aumentar o problema de
acidente?” O acidente claro que acontece, mas não acontece a 60km/h por hora
nem a 70km/h, Ver. DJ Cassiá; acontece de 100km/h para cima. Isso sim, isso
acontece muito. Claro que alguns trechos dentro de Porto Alegre, algumas
avenidas têm que ter a velocidade reduzida, até para menos de 60km por hora. A
3ª Perimetral, Ver. Dib, na realidade, deveria já comportar uma velocidade como
70km/h por hora. Lá em Florianópolis, na Av. Beira Mar, é 80km por hora;
Curitiba tem várias avenidas com velocidade de 80 km por hora; São Paulo tem
avenidas com de 70 km ou 80 km por hora. Eu acho que isso tem que ser bem
avaliado, não sou o dono da verdade, não quero também ir contra o meu querido
amigo Secretário Cappellari, por quem
eu tenho uma admiração muito grande, o trabalho que ele faz pela Cidade é bom,
tenho certeza, mas eu apresentei esse debate, eu acho que é bom para a Cidade,
é bom para Porto Alegre, bom para quem dirige e bom para quem não quer pagar
multa.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Fernanda
Melchionna): Obrigada, Ver. Alceu
Brasinha. Aproveito para agradecer as manifestações de solidariedade que os
colegas estão fazendo na tribuna e o carinho recebido dos amigos e daqueles que
sabem a dor da perda num momento desses; é muito difícil!
O Ver. Aldacir José Oliboni está com a palavra em Comunicações.
O SR. ALDACIR JOSÉ OLIBONI: Nobre colega Ver.ª Fernanda Melchionna,
colegas Vereadores, Vereadoras; aproveito esta oportunidade de falar no período
de Comunicações para me solidarizar com cidadãos e cidadãs que estão veraneando
ou que veranearam nesses dias aqui no litoral gaúcho, mais especialmente em
Imbé, Tramandaí, Nova Tramandaí, Cidreira, Pinhal, e que foram surpreendidos
pelo vazamento de petróleo da Petrobras, ficando em torno de uma semana, dez
dias, sem poder aproveitar as praias gaúchas. Eu falo nesse assunto, Ver. DJ,
porque creio que nós, cidadãos e cidadãs, percebemos ali no Litoral, apesar de
o nosso verão ser curto – dois meses –, a preocupação dos comerciantes e de
todos aqueles que vivem da economia local e que foram prejudicados, de uma
certa forma, por esse vazamento de petróleo em Tramandaí. Creio que a Petrobras
deveria não só subsidiar programas importantes para a região do Litoral como
também se precaver desses acidentes, pois, se tivesse uma contenção adequada e
um espaço seguro, as praias não teriam sido atingidas. Percebeu-se um clamor da
sociedade, de uma forma geral, reclamando dessa falta de prevenção, Ver. João
Antonio Dib, dessa grande estatal brasileira, que, na verdade, muitas vezes
fica aquém da expectativa, apenas na ideia do lucro ou, muitas vezes, sem se
preocupar com o bem-estar do cidadão. Espero que já estejam fazendo isso, mas
nesse acidente, em Tramandaí, com vazamento de petróleo, deixou muito a
desejar, porque, na verdade, não foi só o veranista que foi atingido, não foi
só o comerciante, mas também os eventos, os cidadãos que haviam se programado
para estar lá naqueles dois finais de semana; os hotéis sofreram uma forte
baixa nas reservas. Portanto, eu quero me solidarizar com todos os cidadãos
que, de uma certa forma, foram surpreendidos com esse vazamento de petróleo.
Por outro lado, quero também dizer ao Governo
Municipal, através do Secretário da Saúde, através do Vice-Presidente do IMESF,
que é preciso nós implementarmos o mais rápido possível o concurso público para
legitimar, legalizar os trabalhadores que hoje estão abrigados no Instituto de
Cardiologia e que querem migrar para o IMESF, ampliar as unidades do Programa
de Saúde da Família, para poder atender à demanda da nossa Cidade. Nós
percebemos, sim, que o Governo quer fazer isso até julho, tem o prazo até
julho. Muitas das Emendas aprovadas com o Projeto de Lei são conquistas dos
trabalhadores, como o vale-alimentação e a prova de títulos. Eu espero que isso
se realize o mais rápido possível para podermos ampliar as equipes de PSF, o
que é fundamental para que o atendimento à Saúde Básica da cidade
de Porto Alegre seja efetivado. Nós percebemos que, enquanto isso não acontece,
as Emergências estão lotadas – isso que estamos no período de verão; em janeiro
e fevereiro grande parte da população não está em Porto Alegre, e ainda assim o
atendimento a contento não acontece. Imaginem os senhores e as senhoras no
momento em que todos voltarem, iniciarem as aulas: com certeza, as Unidades de
Saúde, as Emergências começarão a ficar lotadas, e o atendimento terá de ser
mais presente, mais profícuo, mais rápido. E os Governos também têm que ser
mais rápidos nas suas ações, nos seus programas e na implementação do
atendimento médico.
Portanto, deixo aqui
o meu apelo, a minha saudação ao Governo, independente de Partido, para que, de
fato, se preocupe com a Cidade, com os cidadãos, e para que as coisas andem
mais rápido.
Segunda-feira será o
meu último dia aqui na Câmara, quando farei meu último pronunciamento e farei o
meu agradecimento especial a todos os colegas Vereadores e Vereadoras, quando
da minha ida à Assembleia Legislativa. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Comunicações.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver.ª
Fernanda Melchionna, é um prazer vê-la presidindo os trabalhos; Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, inicio também cumprimentando o Ver. Oliboni,
nosso futuro Deputado. Ontem, o colega Cecchim também o cumprimentou, e eu, da
mesma forma, quero reforçar nosso desejo de vê-lo trabalhando lá na Assembleia
Legislativa como tem trabalhado aqui nesta Casa ao longo dos anos. Muitas vezes
nós discordamos aqui, mas não posso me furtar de dizer da minha admiração,
porque V. Exa. é daquelas pessoas que trabalham, e nós precisamos fazer este
registro. Parabéns, e sucesso na Assembleia Legislativa.
Novamente, como
ontem, quero retomar o assunto do Projeto de minha autoria, vetado pelo
Prefeito. Eu, quando achei que deveria ficar
fazendo defesa para tentar derrubar o Veto, não esqueci, desde o primeiro
momento, que nós estamos enfrentando uma questão muito antiga aqui na Cidade.
Essa prática, o costume desta Casa e do Executivo, enfim, do Município, é o
seguinte, Dep. Oliboni: enquanto nós estamos nomeando os logradouros públicos,
em outras palavras, dando nomes às ruas – e é nossa competência –, os
proprietários, os empreendedores estão construindo as unidades. Lá, nas
matrículas dos imóveis, está sendo registrado aquele nome que foi originalmente
dado como identificação para aquele logradouro.
Vou citar como exemplo
a Rua Fábio Araújo Santos, em Teresópolis, no condomínio Cidade Jardim. Essa
rua teve, por exemplo, esse nome aprovado em 1982, quando o nosso querido Ver.
João Antonio Dib era Secretário do Município e o Prefeito era Guilherme Socias
Villela.
O que ocorre? Hoje,
se formos tirar uma matrícula de qualquer um daqueles imóveis desse condomínio,
não vai aparecer Rua Fábio Araújo Santos: vai aparecer Av. Projetada. Na
prática, vem acontecendo o seguinte: as pessoas têm que ir individualmente ao
Registro de Imóveis – ali é a 3ª Zona – fazer o encaminhamento para mudar o
nome, mas acaba mudando só a matrícula do seu respectivo imóvel.
Ontem, cheguei a
dizer: se nós permanecermos aceitando essa prática, Ver. Reginaldo Pujol,
estaremos a serviço, salvo melhor juízo, dos registradores de imóveis, dos
Cartórios, dos Registros Imobiliários, porque estamos mudando os nomes de ruas,
e as pessoas estão tendo que ir individualmente lá trocar o nome na matrícula
do seu imóvel. Hoje, eletronicamente, é fácil trocar.
O que diz o nosso
Projeto? Que o Executivo oficializará o registro imobiliário para que ele
atualize o nome; aquele logradouro que era então chamado de Av. Projetada passa
a se chamar Rua Fábio Araújo Santos. E aí nós temos o
nosso Projeto vetado, porque, no meu entendimento – salvo entendimento de
outros colegas –, está havendo um desconhecimento da prática do dia a dia do
que efetivamente ocorre. Por isso, nós estamos insistindo para que o Ver. João
Antonio Dib, que aqui representa o Executivo, leve a ele essa preocupação e o
que está ocorrendo na prática, porque, de repente, é possível nós revermos isso
e trazermos uma solução para esse problema que afeta todos aqueles que têm os
nomes das ruas modificados. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): Obrigada, Ver. Bernardino Vendruscolo.
O Ver. Beto Moesch
está com a palavra em Comunicações.
O SR. BETO MOESCH: Sra. Presidente,
Ver.ª Fernanda Melchionna, a nossa solidariedade ao que lhe aconteceu; Sras.
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu participei de vários eventos – e alguns em
nome da Câmara de Vereadores – do Fórum Social Temático. Talvez o maior deles
tenha sido o dos Secretários Municipais e Estaduais do Meio Ambiente, promovido
pela Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, mas que também teve a
participação de algumas Organizações Não Governamentais, especialmente da SOS
Mata Atlântica.
Trago este tema
porque é impressionante que num Fórum como aquele, às vésperas da votação do
Código Florestal, não tenham sido colocadas na Carta de Porto Alegre
ponderações ou apontamentos com relação ao Código Florestal.
Eu tenho trazido
muito este tema, Ver. Dib, porque os Municípios não legislaram sobre os topos
de morros, não legislaram sobre a preservação das margens de arroios e de rios,
e não legislaram sobre a preservação das encostas, porque, Ver. Oliboni – V.
Exa. que vai assumir agora na Assembleia Legislativa –, isso estava legislado
no âmbito federal.
Os topos de morros, aqueles
morros que têm menos de 100 metros de altura – e nós temos vários nessa
categoria –, não estão mais tutelados pelo Código Florestal, ou seja,
poder-se-á usar totalmente o morro. Os 30 metros de preservação passaram a ser
15 metros, sem falar das áreas consolidadas. Se nós não legislarmos agora em
nível municipal, muito do que é protegido em Porto Alegre por legislação
federal não será mais protegido, Ver. Mauro Pinheiro. Isso representa um caos
ambiental e também social, porque são áreas de risco. Isso é extremamente
grave.
Para quem não sabe, Ver. Toni Proença, o Código
Florestal tem tanto a ver com Zona Urbana como com a Zona Rural.
Nós falávamos agora sobre a orla, e como vai ficar
a restinga, que são as áreas que protegem a beira do mar, que deixam de ser
protegidas pelo que foi aprovado na Câmara de Deputados e pelo Senado?
O Ver. Oliboni, de uma certa forma, também trouxe
esse assunto aqui, mas Tramandaí teve um problema muito mais grave – e quero
parabenizar V. Exa., porque fez uma crítica correta à instituição estatal
Petrobras, porque os vazamentos neste País são recorrentes. São recorrentes!
Não foi a primeira vez que vazou óleo aqui no Rio Grande do Sul. Isso aconteceu
em 2000, e ocorrem, desde os anos 80, pequenos vazamentos no mar. Por isso é
comum vermos piche na beira da praia. Quer dizer, a Petrobras, que se diz uma
empresa rica, moderna, de vanguarda, não está investindo proporcionalmente na
segurança das pessoas para evitar os recorrentes vazamentos Brasil afora. Isso
é extremamente grave. Isso que o Pré-Sal recém começou; recém começou, e já
vazou em Santos.
Para quem não sabe, não há dispositivo – não há
dispositivo – para estancar vazamento de perfuração de petróleo com mais de 2
mil metros de profundidade. No Golfo do México o vazamento foi a 1.500 metros,
e o Pré-Sal chega a ter poços a 7 mil metros de profundidade. Ou seja, há
tecnologia para retirar o petróleo, mas não há tecnologia no mundo hoje para se
estancar um pretenso vazamento. E só se fala em Pré-sal! Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE
(Fernanda Melchionna): Encerrado o período de Comunicações.
Antes de passarmos ao Grande Expediente, consulto
os Líderes partidários sobre a possibilidade da transferência do Grande
Expediente, uma vez que os Vereadores Haroldo de Souza e Idenir Cecchim são os
inscritos para falar nesse período.
O SR. NILO
SANTOS: Sra. Presidente, Ver.ª Fernanda; eu quero dizer à Ver.ª Sofia, que está
contra essa transferência para segunda-feira, que isso foi algo rotineiro
durante o seu mandato nesta Casa. Muitas vezes, acertamos, acordamos em deixar
para a próxima Sessão.
Então, vamos com calma, exatamente para não
prejudicar os colegas.
É a pura verdade. Obrigado.
O SR. ADELI
SELL: Com todo o respeito ao pedido, com todo o respeito às pessoas que
concordam, mas sistematicamente, no ano de 2011, eu me opus à transferência de
tempos, porque eu seria prejudicado.
Eu verifico a tabela, quando eu vou falar, porque
eu me preparo, quero estar presente, e dar o melhor de mim.
Hoje, mesmo, eu tive uma emergência com duas pessoas,
mas, felizmente, a minha colega Sofia estava aqui, e pôde utilizar o meu tempo
em Comunicações.
Esse é um tempo nobre que nós temos – Comunicações,
Grande Expediente –, e eu quero dizer que votarei contra, sistematicamente,
este ano, a qualquer transferência de tempos.
Se, por acaso, no meu dia, eu não estiver presente
por alguma razão, perco o tempo, mas quero garantir o debate político na Casa.
O SR. NILO
SANTOS: Sra. Presidente, apenas para dizer que o PTB, este Vereador aqui,
solicita, então, que seja realizado o adiamento. Eu acredito que seja da
própria Bancada, está ali o nosso Líder, Ver. DJ Cassiá. O PTB solicita que
fique para segunda-feira.
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): Obrigada, Ver. Nilo Santos.
A SRA. SOFIA
CAVEDON: Obrigada, Ver.ª Fernanda. Apenas para repor a verdade. O Ver. Nilo
Santos sabe que toda a vez que foi transferido, houve polêmica. Sempre deu
polêmica, como aqui o Ver. Adeli Sell colocou. E, em segundo lugar, sempre a
transferência foi por iniciativa dos Vereadores que ocupariam o Grande
Expediente, e dessa maneira havia reação diferenciada no Plenário. Eu acho que
é um Requerimento normal e qualquer um pode-se posicionar a favor ou contra, só
não coloquem aqui inverdades ou fatos dados como naturais, porque em política é
construção política, não é naturalidade.
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): Obrigada, Ver.ª Sofia Cavedon. Vou colocar em
votação, Ver. Toni Proença, o Requerimento.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Eu vou lhe pedir a compreensão, e do nosso Diretor
Legislativo, porque me parece que se uma Bancada discordar da mudança, não há
votação.
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): O Diretor Legislativo me esclarece, Ver.
Bernardino Vendruscolo, que pode ser feito por Requerimento, em caso de não
haver consenso entre os Partidos.
O SR. ALDACIR
JOSÉ OLIBONI: Nobre Presidente, Ver.ª Fernanda Melchionna, como há discordância e não
se tem uma posição da Bancada do PMDB, que não está aqui no Plenário, proponho,
enquanto os consultamos, que sejam abertas as inscrições para Comunicação de
Líder.
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): Obrigada, Ver. Aldacir José Oliboni. O Vereador tem
toda a razão, porque há duas Lideranças partidárias inscritas, mas antes ouço o
Ver. Reginaldo Pujol.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Eu só queria que V. Exa. esclarecesse exatamente
os termos do Requerimento que está gerando tanta polêmica assim. O Requerimento
é de adiamento do Grande Expediente para segunda-feira? A polêmica é em torno
disso?
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): Exatamente.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Mas não tem votação ainda, vai ser usado o Tempo
de Liderança! (Pausa.) Até me inscrevo em Liderança também.
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): Obrigado, Ver. Reginaldo Pujol. Neste momento,
acatando a sugestão sensata do Ver. Aldacir José Oliboni, vamos chamar os
inscritos em Liderança.
O Ver. Mario Fraga está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. MARIO
FRAGA: Sra. Presidente, Ver.ª Fernanda Melchionna; já externei os meus
sentimentos a V. Exa., pois também já passei por esse momento de dor que a
Vereadora está passando.
Vou dar boas notícias sobre o nosso Governo
Municipal, o Governo do Prefeito Fortunati. Antes, quero fazer uma saudação
especial ao amigo Pedrinho, funcionário da Assembleia Legislativa, uma lenda no
futebol amador. Pedrinho, aquele abraço!
Quero fazer um agradecimento ao Secretário da EPTC,
Cappellari, que, para nossa satisfação, está implementando, na Av. Juca
Batista, em frente ao aeroclube, um controlador eletrônico, um pedido de muito
tempo da nossa comunidade e da presidente da Associação dos Moradores do Arado
Velho, que daqui a uns 15 dias estará em funcionamento, para felicidade daquela
comunidade do Extremo-Sul.
Além do controlador eletrônico, a EPTC também
colocou em Belém Novo uma parada segura. Um fato tão simples, mas que deu um
ibope muito grande para o nosso Governo, lá em Belém Novo. Uma parada segura
que tem assento, tem cobertura e é iluminada, e foi colocada na frente da
escola, para o pessoal que sai à noite e fica ali sentado, com iluminação e
mais segurança. Inclusive, a nossa comunidade está reivindicando mais duas
paradas lá para o entorno da Escola Evaristo Flores da Cunha e do Colégio
Estadual Dr. Glicério Alves – já encaminhamos esse pedido à EPTC. Assim, como
também encaminhamos à EPTC, e já estivemos lá com o nosso colega, assessor
parlamentar da EPTC, o companheiro Pitol, no Colégio Anchieta. Inclusive,
conversamos com o Ver. Toni Proença, que é morador dos arredores, sobre o
assunto e, no final do ano, antes do encerramento das aulas, solicitamos ali
para a Av. Dr. Nilo Peçanha com a Rua Tomaz Gonzaga uma providência maior por
parte da EPTC.
Então, vou repetir para os Vereadores que conhecem
muito mais a região: ali na Av. Nilo Peçanha com a Rua Tomaz Gonzaga, logo após
a entrada principal do Colégio Anchieta, a EPTC terá que tomar uma providência
– e já a está tomando. Já estivemos lá com o Pitol, e espero que ele, em
seguida, faça alguma coisa que mude a situação daquelas duas sinaleiras que há ali,
que são de tempos distintos. Fica aqui mais uma vez o nosso alerta, já que em
seguida começarão as aulas no Colégio Anchieta.
Quero, mais uma vez, lembrar ao Secretário Cássio o
agradecimento da comunidade do Lami. No fim de semana havia mais de 20.000
pessoas lá na praia do Lami, e quase 10.000 pessoas na praia de Belém Novo. O
asfalto era uma reivindicação de mais de 20 anos, Ver. João Antonio Dib; na Av.
do Lami, onde, há mais de 20 anos, não era tomada uma única providência, o
asfalto foi todo recapeado; foi feito quase um novo asfalto, uma camada grossa
de asfalto foi colocada. Toda a comunidade está agradecendo, tanto a comunidade
do Lami quanto a comunidade do Extremo-Sul.
Estivemos também na Escola Acadêmicos da Orgia,
mais uma vez, assistindo aos ensaios e dando os parabéns à Escola, que está, a
cada dia que passa, crescendo. Estamos torcendo para que ela faça muito bonito
neste carnaval.
Quero lembrar também que no fim do mês, agora,
faremos, Pedrinho, uma homenagem aqui, com todo o carinho, ao Nego Lu, o
Luciano, que faz o futebol amador, o futebol de várzea aqui em Porto Alegre.
Nós vamos dar a Comenda de Porto Alegre para ele.
Também, amanhã, para nossa satisfação, estaremos
com o Secretário da Juventude, Luizinho Martins, em Belém Novo, para ver o
local onde, se Deus quiser, vamos colocar uma pista de skate. No Extremo-Sul todo de Porto Alegre não há uma pista de skate ainda. Amanhã, vamos olhar o local
onde será instalada, em Belém Novo, a pista de skate que o nosso Prefeito, Fortunati, já autorizou colocar lá.
Muito obrigado a todos.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA.
PRESIDENTE (Fernanda Melchionna): Obrigado, Ver. Mario Fraga.
Neste momento passo a presidência dos trabalhos ao
Presidente, Ver. Haroldo de Souza.
(O Ver. Haroldo de Souza reassume a presidência dos
trabalhos.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Agradeço à Vice-Presidente, Ver.ª Fernanda
Melchionna.
O Ver. Engenheiro Comassetto está com a palavra
para uma Comunicação de Líder, pela oposição.
O SR.
ENGENHEIRO COMASSETTO: Sr. Presidente, senhoras e senhores, quero aqui
hoje, em nome da nossa Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, trazer
um relato de um trabalho que alcançamos por meio da Comissão de Defesa do
Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana. Quinhentos e sessenta famílias
da ocupação que houve no Retiro da Ponta Grossa procuraram esta Casa em pleno
recesso, Ver. Reginaldo Pujol. Consultei os membros da nossa Comissão, e nós os
recebemos e abrimos uma agenda de concertação com o seguinte tema: lei é lei,
decisão judicial é decisão judicial. Agora vamos ouvir as partes e encaminhar o
assunto para que seja tratado sob o ponto de vista da ordem e da paz, Ver. João
Antonio Dib. Realizamos mais de seis Reuniões prolongadas, realizamos três
Reuniões da Comissão de Direitos Humanos, mesmo no final do recesso. Na última
terça-feira, abrimos a Sessão às 1h da tarde e terminamos às 21h, com uma
proposta de acordo, acordo esse feito por todos os Vereadores da Comissão de
Direitos Humanos. Quero destacar aqui o papel do Ver. Luciano Marcantônio, que
fez a interlocução com o Governo Municipal; o papel do Ver. Toni Proença, do
Ver. Nelcir Tessaro, do Ver. Mario Fraga, da Ver.ª Maria Celeste e da Ver.ª
Sofia Cavedon, que se agregou aos trabalhos. Junto com o Promotor Público Fábio
Sbardelotto, junto com o Tenente-Coronel Stocker e o Coronel Atamar, Comandante
do CPC da Capital, junto com o Secretário Marcos Botelho, da Secretaria de
Governança, e o Eduardo, representante do Gabinete da Habitação, construímos
uma agenda apresentada pelo movimento autodenominado Moradia Digna, que busca e
buscava ser reconhecido na política pública municipal. O primeiro tema: que
todos aqueles que tinham aluguel social e que o perderam pudessem ser
reanalisados pela Prefeitura e fosse dado um destino para esse tema, assim
aceito.
O segundo tema: que todos aqueles da Vila dos
Sargentos, no bairro Serraria, em áreas de risco, atingidos pelo Programa
Socioambiental e outras políticas pudessem ser reanalisados, recebidos e fosse
encaminhada essa demanda.
Terceiro tema: lá na Estrada Otaviano José Pinto,
nº 1.100, na Estrada do Lami, aqueles que foram levados para lá há sete anos
pela própria Prefeitura, que fossem relocados, agora, no próximo Minha Casa,
Minha Vida; que todos os inscritos no Minha Casa, Minha Vida da Região Sul e
Extremo-Sul tenham preferência nos projetos lá desenvolvidos. E que a área lá
na Ponta Grossa, uma área de 29,1 hectares, seja, nos próximos 90 dias,
trabalhada pelo Município, junto com o Fórum de Planejamento, e seja dado um
destino a ela, num projeto que venha a contemplar a região.
A Brigada Militar estava com uma operação marcada
para ontem, às 7h da manhã. Sabiamente, desmontou a operação, com mais de 300
homens, com helicóptero, cães, ambulâncias e tudo mais, e os que tinham ocupado
a área se comprometeram a se retirar e assim estão fazendo, com um único
detalhe: 70 famílias não tinham para onde ir. Fizemos um encaminhamento à
Prefeitura, que encaminhou à Juíza, e, hoje, pela manhã, a Juíza acolheu esse
entendimento como uma política benfeita e respondeu à Prefeitura, dizendo que
sim.
Portanto, quero aqui registrar, Sr. Presidente...
(Som cortado automaticamente por limitação de
tempo.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Sras.
Vereadoras, Srs. Vereadores, é evidente que, na retomada do ano legislativo ou
das atividades legislativas, com o reinício das atividades, com o novo ano
legislativo, alguns assuntos que ficaram represados durante esse período de
recesso parlamentar, voltassem a ser aqui discutidos com a intensidade devida.
Os últimos dias assinalaram um fato extremamente singular neste País que,
evidentemente, deve merecer um registro, não pelo seu ineditismo, mas pelas
circunstâncias em que o mesmo veio a ocorrer. Por decisão da Presidência da
República, a Nação viu, nos últimos dias, amadurecer e ser concretizado um
processo de privatização dos aeroportos principais deste País: o aeroporto de
Brasília; o aeroporto de São Paulo, o Guarulhos; e o aeroporto de Viracopos, de
Campinas. É evidente, Sr. Presidente, que não surpreende mais a Nação que um
governo de uma integrante do Partido dos Trabalhadores possa promover a
privatização que agora se promove, o que era inconcebível alguns anos atrás,
quando o termo privatização era por si só repelido como algo antinacional,
antissocial e antipolítico. Mas o tempo se encarrega de colocar as coisas nos
seus devidos lugares, e, se é verdade que o pensador Paisano tem razão quando
diz que nem todos os caminhos são para todos os caminhantes, não é menos
verdade que toda a verdade e toda a mentira pode se transformar em uma ou outra
situação, como diria um outro pensador, ao opinar que “Nada es verdad nada es mentira
todo depende del cristal con que se mira”. Então, a
privatização virou um pecado mortal, digna do opróbrio nacional, e agora é um
fato normal e festejado!
A grande mídia brasileira estampou, ontem ou
anteontem, na sua primeira página, as circunstâncias de que um ágio excepcional
havia-se registrado, quando da realização de leilões de privatização, apelidados
agora de leilões de concessão ou de parceria. É evidente que isso seria
extremamente positivo, Ver. Mario Fraga, se esses valores – vinte e poucos
bilhões – fossem utilizados para pagar os precatórios dos velhinhos deste País,
que há muito esperam por esse pagamento, ou se fosse em socorro da Previdência.
Mas não, esse recurso vai para aquele mesmo canal que é essa brutal tributação
deste País, que leva um recurso colhido através dessa imensa carga tributária.
Ou seja, o pagamento da dívida eterna, do juro da dívida externa, que é,
indiscutivelmente, um grande ralo que consome recurso público, consumindo cerca
de 100 bilhões de dólares todos os anos, sacado do suor do trabalhador
brasileiro.
Por isso, Sr. Presidente, ao concluir este
pronunciamento, que eu faço com muito entusiasmo, eu diria que o registro fica
feito nesta Casa. Privatizar não é mais pecado, privatizar agora é o caminho,
diversamente do que se dizia no passado. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. ADELI
SELL: Sr. Presidente, as coisas poderiam estar melhores, Ver.ª Fernanda, se
os Poderes Públicos constituídos tivessem mais atenção e respeito com a
cidadania, com a República, com os trâmites. Nós queremos a Copa,
indiscutivelmente, que poderá nos deixar importantes legados, porque, pelo
planejamento, ela nos deixará legados, mas também podemos ter algo parecido,
como já aconteceu em outros lugares, especialmente na África, em que ficaram
alguns elefantes brancos. No caso de Porto Alegre, a minha maior preocupação é
com o povo, o povo pobre da periferia, especialmente da Vila Nazaré. Já deveria
ter sido discutido, organizado, essa vila deveria ter sido transferida decentemente
para outro local na sua região. Tudo está atrasado. A pista, se quiserem,
ficará pronta em dois toques, porque a engenharia moderna, Ver. João Dib –
aprendi com V. Exa. –, faz verdadeiros milagres. Agora, não há milagre quando
se trata de lidar com pessoas, porque as pessoas têm famílias, têm posto de
saúde próximo, têm criança na escola e têm trabalho que, dependendo de onde as
pessoas forem morar, elas terão dificuldades com ônibus.
Recentemente, a EPTC se perguntava, os técnicos, a
Direção, porque havia tanta queixa de ônibus da entrada da Cidade da região do
DC Navegantes. Era só ter ligado para o Shopping DC Navegantes e entender que
ali se instalou uma empresa com dois mil funcionários fazendo call center. É simples, as linhas de
ônibus, Ver. Nilo Santos, não puderam comportar a mudança da economia através
de uma grande empresa. Então, as autoridades têm que estar muito atentas. Eu me
preocupo enormemente com essa questão. Nós, Ver. Nilo Santos, peço, inclusive,
a sua interveniência com ao DEMHAB, e coloque, por favor, aos seus parceiros do
DEMHAB a preocupação com a Vila Nazaré, a preocupação com a questão
habitacional, porque há muitos projetos atrasados em Porto Alegre. Se não fosse
a boa vontade dos dirigentes da Caixa Econômica Federal, de uma palavra forte
de Brasília, nós teríamos, Ver. Elói Guimarães, problemas com a questão do
Aeroporto e a transferência da Vila Nazaré, e a Copa estaria ameaçada. Não é o
único caso! Eu tenho orgulho, Ver. Nilo, de dizer que, no caso da Cruzeiro, da
Tronco e da região, eu colaborei, não com o Governo Fortunati, não com a atual
gestão, mas com a cidade de Porto Alegre, porque os interesses da nossa Cidade
devem estar acima dos nossos interesses pessoais, partidários, seja lá o que
for. Nós temos que construir, a cada dia, Ver. Nedel, uma postura mais
republicana, mais preocupada com a coisa pública e menos com os interesses
particularistas. Hoje nós temos que discutir, principalmente, como nós devemos
tratar a população, como negociar as questões habitacionais; mudanças de
traçado e principalmente transporte coletivo de massa. Transporte coletivo de
massa! Porque do que nós precisamos são ônibus articulados, mais ônibus nas
linhas! Se a Carris tivesse ousadia, ela ampliaria o T11 até o Belém Novo,
colocando mais ônibus. Ela faria o T12 sair de Belém Novo, passar pela
Restinga, Lomba do Pinheiro e ir até o Triângulo. E faria um T13, que sairia do
Rubem Berta e chegaria no entorno do BarraShoppingSul. Nós já apresentamos
essas propostas para a Administração! Nós temos que ter ousadia! Porto Alegre
tem pouca ousadia! Precisamos ousar! É possível!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): Obrigado, Ver. Adeli Sell.
O Ver. Nelcir Tessaro está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. NELCIR
TESSARO: Sr. Presidente, Ver. Haroldo de Souza; colegas Vereadores, público que
nos assiste, venho a esta tribuna, em parte na linha do Ver. Adeli Sell, pois
no último final de semana eu estive reunido com empresários e também lideranças
comunitárias da Zona Sul, com o que fiquei angustiado e preocupado. Preocupado
porque não temos notícias de como anda o projeto da
duplicação da Av. Edgar Pires de Castro; preocupado mais ainda, porque estão em
vias de serem entregues cerca de 700 habitações na Restinga, e isso significam
2.200 pessoas, causando um estrangulamento do acesso à Restinga até a zona
central da Cidade.
Também fiquei um
pouco preocupado com as pessoas que utilizam os ônibus que saem da Restinga e
que precisam ir à Rodoviária da Capital, porque elas não têm acesso direto até
lá. Elas chegam até a Salgado Filho e com sua mala têm que pegar um táxi ou ir
caminhando até a Rodoviária para viajar para outras localidades. Sabemos muito
bem que podemos ter uma linha na parte da manhã e outra à tarde, que inclusive
poderia passar na Restinga pelo Campo Novo e ir até a Rodoviária, e as pessoas,
sabendo desses horários, utilizariam essas linhas para ir até a Rodoviária.
Acho que temos que facilitar a vida do cidadão e não complicar cada vez mais, ou
exigir que a viagem da Restinga até o Centro da Cidade, às 7h, 8h, demore uma
hora.
Estou mais preocupado
ainda, porque há projetos habitacionais no Lajeado, projetos enormes de quase
três mil habitações, sem quaisquer condições de trânsito da Av. Edgar Pires de
Castro até o Lami.
O que pregamos aqui e
louvamos, quando aprovamos o projeto de adesão, de aporte de recursos para a
Rede Metrópolis, é buscarmos tecnologia e técnicos que possam fazer com que
Porto Alegre tenha um projeto de crescimento, um projeto habitacional, de
assentamento ordenado para evitarmos que a Cidade cresça só para um lado. Um
projeto que priorize os moradores da Zona Sul, assim como vimos na semana
passada, e nesta terça-feira, na reunião que culminou em acordo com a
comunidade da invasão no Retiro da Ponta Grossa.
Nós, do PSD, temos duas preocupações com a inclusão social, é uma prioridade nossa:
a educação e a moradia digna como forma de inclusão social. É muito importante
a pessoa ter educação, mas também é muito importante ela ter uma moradia digna
para poder acolher a sua família e ali ter a segurança e dar segurança aos seus
filhos. Como ela vai à escola se não tem condições mínimas de estar abrigada
dentro da sua casa? Como ela vai ter saúde se a sua casa não permite que ela
fique abrigada dos temporais, do frio, e está em péssimas condições? Nós não
temos mais condições de manter o que estamos vendo nas nossas ilhas de Porto
Alegre.
Para finalizar, quero
pedir que a fiscalização, principalmente da SMAM, dê uma fiscalizada na Ilha
dos Marinheiros. Há 10 dias, passei por lá, e tratores estão mexendo em
terrenos de aproximadamente mil metros quadrados para se fazer depósitos. São
as nossas ilhas servindo à especulação imobiliária, para poderem, cada vez
mais, explorarem terrenos que são públicos.
(Não
revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. Toni Proença está com a palavra para uma Comunicação
de Líder.
O SR. TONI PROENÇA: Sr.
Presidente, Ver. Haroldo de Souza; Srs. Vereadores e
Sras. Vereadoras, senhoras e senhores, hoje, nesta tribuna, quero me debruçar
sobre dois assuntos: o primeiro, peço a atenção do nosso Líder do Governo, Ver.
João Dib, para que interceda junto ao Prefeito Municipal para que, tão logo
volte de sua viagem, sancione o Projeto de Lei que cria o Plano Municipal do
Livro e da Leitura. Nós fizemos um longo percurso, ouvindo a sociedade em oito
Audiências Públicas regionais, quatros Audiências Públicas temáticas; o
Prefeito constituiu o Grupo de Trabalho para constituir o Plano Municipal do
Livro e da Leitura. O Projeto foi elaborado, o Projeto de Lei foi aprovado,
precisamos agora só da sanção do Prefeito, para que se possa dar sequência, Ver. João
Antonio Dib, aos resultados que pode obter a Cidade através do Plano Municipal
do Livro e da Leitura, que foi muito bem-aceito e determinado pelo Prefeito que
se realizasse; só falta a sanção. Peço a sua intercessão para que quando o
Prefeito volte da sua viagem a gente possa ter isso prontamente.
O segundo assunto de hoje, Ver. Idenir Cecchim, é
um assunto que eu tenho encontrado em muitas comunidades, principalmente na
periferia: a falta de atenção e de incentivo a projetos de geração de trabalho
e renda das pequenas cooperativas, dos esforços comunitários, dos grupos de
mulheres, e principalmente dos grupos das comunidades – Ver. Mario Manfro, o
senhor conhece bem esse tema e conhece bem a periferia de Porto Alegre –, que
tiveram, na gestão do Ver. Idenir Cecchim, incentivo, com os cursos de
capacitação, com o fomento às iniciativas empreendedoras da comunidade e que
estão agora completamente sem apoio da Prefeitura Municipal. É preciso que
neste momento em que a economia do Brasil vai bem, a gente aproveite, Ver.
Cecchim, para que se constituam grupos de trabalho e de geração de renda na periferia.
São principalmente mulheres que fazem cursos de manicure, corte e costura,
criando grupos para a indústria do vestuário e que podem exercer o seu direito
ao trabalho e à geração de renda para melhorar o orçamento da família, ali
mesmo, na comunidade, podendo cuidar das crianças, estar perto dos seus filhos
sem ter que se deslocar pela Cidade e gerar mais tumulto no transporte coletivo
de Porto Alegre. Foi uma boa iniciativa, um caminho que foi trilhado na gestão
do Ver. Cecchim; foi trilhado também antes da gestão do Ver. Cecchim, mas agora
está meio adormecido.
É preciso revitalizar esse trabalho para que a
gente aproveite essa capacidade da população de se organizar e gerar trabalho e
renda. Essa é uma oportunidade que a economia aquecida facilita e torna mais
viável de obter resultados em curto prazo. Então, estou fazendo aqui este
chamamento à Prefeitura Municipal, para que se debruce sobre este assunto, se
dedique a este assunto e busque encontrar possibilidades, alternativas e
oportunidades para que essas comunidades se organizem em torno do trabalho, em
torno de pequenas cooperativas, em torno de pequenas empresas, de pequenas
atividades que possam gerar para as famílias uma melhoria no orçamento, gerar
trabalho e renda, principalmente para as nossas famílias mais necessitadas da
periferia da Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Haroldo Joaquim de Souza; Srs. Vereadores e Sras.
Vereadoras, eu estou contando o tempo de forma regressiva, e faltam 326 dias
para que eu encerre a minha vida pública, que iniciou lá no dia 1º de setembro
de 1956, quando assumi a Diretoria de Planejamento e Fiscalização do Transporte
Coletivo na recém-criada Secretaria Municipal dos Transportes, onde me foi dada
a missão de organizar o transporte desta Cidade. Nos tínhamos o transporte
público da Prefeitura e chegamos a ter 150 ônibus e 1.800 servidores cuidando
dos 150 ônibus, que nem sempre eram diariamente utilizados, porque a maioria,
uma boa parte pelo menos, ficava na oficina, mas todos os 1.800 servidores
faziam 120 horas extras. Também tive o prazer de, em 1963, como Secretário dos
Transportes, extinguir o transporte da Prefeitura, que já estava no final
mesmo.
Mas eu fico impressionado, porque – eu me dediquei
tanto tempo ao transporte coletivo, cheguei lá e havia 500 ou 600 donos de
ônibus, na maioria micro-ônibus –, quando em 1963 deixei de ser Secretário dos
Transportes, havia 16 empresas organizadas e hoje há 16 empresas. Eu fiz o
primeiro Plano Diretor de Transporte Coletivo para Porto Alegre e não vi mudar
muita coisa. Agora, eu fico impressionado, porque os Vereadores, meus colegas, falam
com muita facilidade da demora dos ônibus. Mas será que é o ônibus que demora?
Eu moro a cerca de 6 quilômetros da Câmara Municipal, saio de automóvel, que
está em excelentes condições, da minha residência, e há vezes que eu levo mais
de meia hora para percorrer esses 6 quilômetros. Será que o ônibus faria o
percurso daqui até a minha casa em menos tempo? Não!
Eu já disse, e já mostrei aqui, que o maior tratado
sobre transporte coletivo que eu conheço é esta foto (mostra a foto): aqui há
12 ônibus, que foi o que a máquina fotográfica conseguiu registrar, mas atrás
desses 12 ônibus há mais ônibus, na frente deles há mais ônibus, e esses 12
ônibus estão no viaduto; aqui embaixo há quatro, assim como uma série de
automóveis também, e tudo na mesma hora.
Em 1965, eu apresentei um trabalho, baseado num
trabalho do Professor Luiz Ribeiro Soares que, à época, era um dos mais
entendidos em trânsito no País, e eu propus nesse trabalho o escalonamento de
horários, bem como falei da necessidade do metrô. Isso em 1965! E ainda dei um
exemplo existente na França, em Paris, trazido pelo Professor Luiz Ribeiro
Soares, de uma zona chamada zone bleu,
zona azul, que tinha uma série de indústrias, e era impossível o transporte
coletivo atender àquela gente. Mas, num entendimento de racionalidade, de
inteligência, fizeram um escalonamento de horário de 45 minutos, e desapareceu
a superlotação e a demora na circulação do transporte coletivo. Eu tentei fazer
isso aqui, em 1965, mas não consegui. Mas agora é chegada a hora de fazer esse
escalonamento de horário, porque não só os ônibus aumentaram em número, mas a
frota de veículos chegou a mais de 700 mil, fora os que circulam vindos da
Região Metropolitana. Eu espero que estudem isso com tranquilidade, antes de
fazerem discursos sem nenhuma base. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Haroldo de Souza): São 16h15min, e, com as presenças dos Vereadores
Elói Guimarães, Nilo Santos, João Antonio Dib, Reginaldo Pujol, Luiz Braz,
Mario Manfro, Toni Proença, e este Vereador, não há quórum. Está encerrada a
Sessão de hoje. Muito obrigado, e até segunda-feira.
(Encerra-se a Sessão às 16h16min.)
* * * * *